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sábado, 18 de outubro de 2008

ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE

O motivo pelo qual as águas do rio Solimões não se misturam com as do rio Negro causa muita dúvida para muitos. Confira e tire suas dúvidas nessa matéria.

O encontro do Negro com o Solimões


Estudo explica por que águas dos rios que formam o Amazonas não se misturam

A junção dos rios Negro e Solimões, formadores do rio Amazonas, é marcada por uma característica: suas águas escuras e claras, respectivamente, dão a impressão de correr lado a lado por quilômetros. Porém, o primeiro estudo sobre essa junção, feito pelo hidrólogo francês Alain Laraque, do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD, na sigla em francês), mostra que, na realidade, as águas do rio Solimões correm ao lado e por baixo do Negro. "O Solimões é muito mais potente que o Negro", explica o geoquímico Patrick Seyler, diretor do órgão francês no Brasil.


O Solimões, de águas claras, corre abaixo e ao lado do rio Negro, de águas escuras (imagens: Alain Laraque / IRD)
Laraque identificou as características que diferenciam os rios e dificultam sua mistura com a ajuda de um aparelho de medição conhecido como correntômetro com efeito Doppler e uma sonda que mede a condutividade, temperatura e profundidade (CDT) das águas (veja imagem abaixo).
O Solimões, originário dos Andes, traz muitas partículas em suspensão, o que explica sua cor esbranquiçada. Ele é muito mais denso que o Negro, tem condutividade elétrica dez vezes superior e sua vazão e velocidade são cerca de três vezes maiores, o que faz com que ele 'atropele' o rio Negro. Este, por sua vez, tem temperatura mais alta e água mais ácida. "Eles são como água e óleo, não se misturam", diz Seyler. A profundidade das águas é outra grande diferença entre os rios. A do Negro é de 30 a 35 metros, enquanto a do Solimões pode chegar a 80. "O fundo dos rios se situa abaixo do nível do mar", explica o geoquímico. "Se eles parassem de correr, o mar invadiria Manaus."
Doze quilômetros depois do encontro dos rios, as águas do Negro já estão bastante afetadas pelas do Solimões. No entanto, a homogeneização completa dos rios só acontece 100 quilômetros depois. Ela é retardada pela chegada, na margem esquerda do Amazonas, dos rios Preto da Eva e Urubu, de águas negras, e na margem direita, do Madeira (também de origem andina e águas brancas) e de um braço do Solimões que contorna a ilha de Careiro.
A pesquisa integra um projeto que tem por objetivo fazer toda a modelagem da Bacia Amazônica. Laraque, que no momento se encontra no Equador, estará de volta em breve para realizar mais medições. "Com o estudo completo, será possível fazer previsão de enchentes com 15 dias a um mês de antecedência", garante Seyler. O fato de o rio Solimões correr também por baixo do Negro já havia sido observado pelos pescadores em seu dia-a-dia. Sempre que pescam na margem esquerda do rio, onde corre o Negro, eles jogam suas redes no fundo, de modo a capturar os peixes no Solimões, cujas partículas servem como alimento.
Renata Ramalho Ciência Hoje/RJ23/03/01

Um comentário:

China disse...

muito boa a matéria!!