A vida é feita de escolhas. Todos nós passamos por uma série de decisões que, muitas vezes, nos deixa atônitos, mas no final de tudo relembramos como uma causa que deveria ser cumprida; pode até parecer uma "loucura" muitas dessas escolhas, o certo é que é algo intrinseco para nós. Quem já leu o belo conto de Guimarães Rosa, A terceira margem do rio, percebe em sua essência essa ligação que o personagem tem diante de uma grande escolha em sua vida - embarcar em uma canoa de uma hora para outra, sem que alguém saiba o motivo, causa a todos estranheza.
No referido conto de Guimarães, podemos detectar um processo de aversão do próprio personagem, aversão dele mesmo diante da vida. Não significa que o problema (talvez nem fosse problema) estivesse enraizado nas pessoas de sua família. Vejo o conto como uma simples, mas cabal metáfora para explicar o desejo de um ser em pleno *devir. Isso tem uma ligação direta com cada indivíduo. Acredita-se que todos têm um desejo latente de mudanças, seja ele qual for, mas que se manifesta sem menos esperarmos, ao logo de nossa vida. Esses desejos nascem e morrem constantemente, alguns permanecem e se desenvolvem de acordo com o grau de ligação entre o homem e a natureza. O Homem sempre teve uma ligação com as coisas naturais, desde o princípio da humanidade. Ainda mais que ele sempre foi dependente da natureza e dela constantemente extraía e ainda extrai sua sobrevivência.
Infelizmente, nossas escolhas nem sempre são aceitas ou, menos ainda, questionadas; muitas vezes elas são colocadas a nossa frente como uma fuga, ou um ato de rebeldia ou covardia. E, dessa forma, é preciso termos respaldos para nos proteger de quaisquer comentários indesejáveis por tais escolhas. Afinal de contas, as consequências quem sofrerá somos nós mesmos. É viver e acreditar que toda escolha é um ato de amadurecimento, de coragem; pois as renegando (tais escolhas), a todo momento, é como se disséssemos não a nossa conduta de vida que nos direciona ao nosso mundo de idealizações e prazeres pessoais.
Devir – É um conceito filosófico que qualifica a mudança constante, a perenidade de algo ou alguém. Surgiu primeiro em Heráclito e em seus seguidores; o devir é exemplificado pelas águas de um rio, “que continua o mesmo, a despeito de suas águas continuamente mudar.” Traduz-se de forma mais literal a eterna mudança do ontem ser diferente do hoje, nas palavras de Heráclito: "O mesmo homem não pode atravessar o mesmo rio, porque o homem de ontem não é o mesmo homem, nem o rio de ontem é o mesmo do hoje".
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